Projetar imagens (informações) arbitrárias num fulcrum reflexivo convexo. Deixá-las distorcidas reverberarem pelo espaço expositivo, e assim Ilegíveis por sua excentricidade óbvia: Poesia.
Erfahrraum é um amálgama das palavas: Erfahrüng (experiência) e Raum
(quarto); neologismo que dá título a dois trabalhos primevos de Gian Spina.
Tudo aquilo que seria legível (visível) está espalhado como girando perdido
pelas paredes. Espaço que deve ser pensado também como onde mora outra forma de
circunscrição: aquela onde é possível um extemporâneo restrito (arte)... daquilo
prenhe de significados que se dão, mas... leves e quase irrelevantes.. e presos.... e soltos presos pelo espaço que os
contém... a rarefação de significados estanques e determinados também é dita: Poesia.
Quando tatua na palma da mão: “a
cada mínuto morre uma poesia”. Ou quando se expõe expondo o fim de um
relacionamento amoroso. Ou quando se faz um Peter Schlemihl apaziguado (um que
procura na perseguição de sua própria sombra fugídia algo positivo sob o sol).
Ou incendiando Bordeaux arrastando pelas ruas um fogo “circunscrito” numa caixa página que sustém seu poder num
passeio ambíguo: “experiência poética efêmera”. Ou quando ilustra (soleniza)
uma prosa/poesia como: o dia quando a
raiva acordou antes de mim.
Na insistência da utilização da
substantivada “Poesia”, o que faz que atenhamos esse uso? Esse subterfúrgio de
podermos construir algo que tem coragem e medo em seu perder quanto significado,
significado este que supostamente se deteria em ser pleno e, pasmem, assim desistido
e perdido: então dizê-lo: “poético”. Gian Spina:
“Agora estou aqui a ver com os próprios olhos a
imensidão e o silêncio vasto, carregados de velhice e de trabalhos. a ver o
silêncio do tempo que parou pelos subdistritos comandados pelas subprefeituras
afetadas em um só gesto. Silêncio das casas destruídas e as pessoas
escapulidas, dos carros empoleirados sobre muro que virou estacionamento, do
chão que virou lago que e mais tarde léguas , supostamente estável,
supostamente, o silêncio do cheiro azedo com seus corpos e roupas soterrados:
todas as coisas de vidas inteiras fedem aqui (...)”
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