daniel caballero




Desenhos, não fogem ao desejo da circunscrição: domínio.
Utilizo ferramentas colonialistas às avessas...
Redescubro numa mesma forma : cartográfica ou taxonômica... descolonizando  paisagens possíveis: rearticulando a linguagem estanque e o reapropriado insistir numa crítica à representação para o controle.
Uma ética mesmo dum arquivismo da contingência... daquilo que não esta alí amanhã… porém cincunscrito enquanto imagem sintoma da acurácia e cuidado exatamente sobre o que perdemos.


Desenhos, dos mais simples aos complexos não fogem ao desejo que é o de circunscrição: o domínio.
Cennino Cennini já deixava em seu “manual” no começo do sec. XV que o desenho e o domínio sobre o uso da linha era poder quanto o demarcável... (em uma época em que os europeus já começavam a lutar por cada metro explorável do mundo) que em certa forma era a de uso em detrimento à pintura... considerada personalista e algo difusa...
Artistas em degredo (artistas que não mais podiam servir ao          “ornar as cortes”) eram responsáveis por cartografias e taxonomias... eram exilados catalogando os “ novos lugares” , “novas coisas”... Pois sempre estavam ou fugidos ou em fuga em “missões” e sempre mantendo uma diferença entre o uso possível do desenho ou a pecha do prazer.
Daniel Caballero dá uma invertida... filhodaputa tem construído lugares onde é possível a perscrutação dentro de espaços pra inversão da fuga... como se dentro da cidade poderíamos nos repensando como exilados “desenhistas minuciosos” uma “missão” em um território que deveria ser reapresentado...
Mesmo utilizando de forma anacrônica (paródica às vezes) ferramentas de circunscrição positivistas: desenho, planificação (organização), cartografia e narrativa “cientificista”...
Há mesmo em sua trajetória uma ética para essa inversão... que é:
A manipulação ou reapropriação de formas de descrição colonialistas sobre a “natureza” mas que essa “natureza” volte a ser dita ordinária e assim repensada... revisitada.. suja e vivida...


Texto para o site do Prêmio Pipa 2019.



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