modulações.




Modulações é uma instalação de Alessandra Bochio e Felipe Merker Castellani. Dando continuação a suas pesquisas em vídeoinstalações e performances propõem um espaço imersivo onde jogam com som e imagens. Uma projeção de imagens sequenciais mas não exatamente lineares que opera junta a sons que aparecem em uma mesma lógica arbitrária, o chão coberto de brita que também soma ao ambiente os ruídos criados pelos participantes ao se moverem pelo espaço.
As possíveis apreensões e construções de sentido da instalação se dá de forma aberta mesmo que haja de alguma maneira um ponto de partida compreensível, já que algumas proposições de sentido são dadas. São imagens de corpos dentro de um dispositivo que se torna passível a uma sutil intervenção de outros corpos numa experiência perceptiva ou sensorial individual. No caso a experiência pode ser até contraditoriamente silenciosa, pois cada um tem que aceitar o jogo com os fragmentos de sons e imagens e ajustá-los segundo sua particular convivência conveniência possível...
O problema que persiste ainda nessas iniciativas é justamente a temporalidade em que se dão... a exigência de um certo dispêndio, de nos doarmos um tanto, na participação. Tomar a experiência como exercício para uma reconcepção ou transposição de sentido pode demandar que nos gastemos um pouco mais do que muitas vezes estamos dispostos. Ainda acho difícil a forma como a maioria de nós lida com o tempo nesses trabalhos... na maneira como os usufruímos... 
Num momento em que os trabalhos em artes visuais parecem cada vez mais procurarem sua autojustificação e mesmo que de forma dissimulada buscarem uma certa literalidade (um escopo do traduzível, uma delimitação do que se pode interpretar) ; Modulações propõe um exercício de flertes autonomos com construções de significado sem imposições de sentido sobre informações que são quase  fortuitas.. evitando assim procedimentos simplificadores para “soluções” interpretativas... numa espécie de jogo heurístico onde não é necessário decifrar tudo.

Texto para o Catálogo do Programa de Exposições do CCSP. 2016.


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